Grávida deve evitar adoçante? Grávida deve comer por dois? Não pode fazer ginástica? Tire, aqui, todas as suas dúvidas
O primeiro trimestre da gravidez é o mais delicado
VERDADE: É nesse período que ocorre a formação dos órgãos do feto. Ou seja, é quando há maior risco de ocorrerem doenças ligadas a alterações genéticas. Por isso, há um especial cuidado em se evitar medicações, bebidas, alguns exames de imagem e afins. De 10 a 15% das mulheres sofrem aborto espontâneo até a 12ª semana de gestação – decorrente, justamente, de malformações do embrião.
Mas não confunda: esses eventos fazem parte do processo de seleção natural e nada têm a ver com hábitos como excesso de esforço ou atividade física, que está liberada também nessa fase da gestação.
Grávida deve evitar adoçante
MITO: Algumas pesquisas têm mostrado que, em grandes quantidades, o ciclamato de sódio, adoçante feito a partir de um derivado de petróleo, poderia causar danos ao feto. Mas, para isso, a gestante deveria ingerir o equivalente a dez latinhas de refrigerante diet por dia. Ou seja, uma quantidade difícil de ser alcançada. A maior parte dos estudos não vê problemas no consumo de edulcorantes, mesmo o ciclamato, em doses moderadas. Se você gosta de se preocupar e preza a silhueta, prefira todas as outras possibilidades de adoçante, que vão de aspartame a estévia.
Mulher grávida deve comer por dois
MITO: Quem já ficou grávida e seguiu esse conselho popular certamente viu que não é bem assim. Se você tem um peso normal (IMC entre 18,5 e 25, sendo o IMC seu peso em quilos dividido pelo quadrado de sua altura em metros), ao ficar grávida, poderá colocar na conta do bebê mais 300 calorias por dia. Dois copos de suco de laranja e já se foi sua cota extra. Seguindo essa recomendação, é mais fácil ficar dentro dos parâmetros de ganho de peso considerado adequado pelos médicos: o que, para mulheres com IMC entre 18,5 e 25, fica entre 11 e 16 kg. Isso não é só importante para a recuperação da sua boa forma após a gestação, mas também para a sua saúde e do bebê durante a gravidez. Mulheres que engordam muito têm maior risco de desenvolver hipertensão e diabete gestacional, além de complicações durante o parto. Mas também não é o momento de ficar neurótica ou fazer dieta: o ganho de peso durante a gestação faz parte de um processo fisiológico fundamental para o bom desenvolvimento do bebê.
Grávida não deve fazer ginástica
MITO: Atividade física é bem-vinda também durante a gestação. Claro que o tipo de atividade que você deve fazer depende do tipo de condicionamento físico que você já tinha quando engravidou – agora não é hora de começar a correr, por exemplo. Mas mulheres com uma gestação livre de intercorrências e habituadas a atividades físicas podem continuar com sua rotina, respeitando os limites que a gravidez, aos poucos, vai impor (e que você certamente vai sentir). Bom senso é a palavra-chave. Evite apenas aquelas atividades que oferecem risco de choque ou quedas. Também há evidências de que exercícios muito pesados, que elevam em mais de 90% os batimentos cardíacos, podem comprometer o fluxo de sangue para o bebê durante a atividade. Mas isso não é aplicável para a maioria das mortais.
Grávida não deve tomar café
MITO: Por conta de uma possível relação da cafeína com o aumento das chances de aborto, alguns guias médicos, como o americano, e alguns obstetras simplesmente proíbem o consumo de café durante a gestação. Outros pegam bem mais leve e liberam algumas xícaras por dia. O fato é que os estudos que relacionam o consumo de cafeína a problemas na gestação são controversos e inconclusivos – até por ser complicado fazer pesquisa com grávidas. De acordo com os estudos mais rigorosos feitos no mundo, é seguro consumir três ou até quatro xícaras de café por dia. Mais que isso não é comprovadamente um problema, mas a partir daí as controvérsias aumentam.
Grávida não pode andar de avião
MITO: Em mulheres saudáveis e em gestações sem riscos, não há evidências de que as mudanças na pressão ou na umidade do ar, bem como o aumento da radiação, tenham efeito nocivo sobre a gestante ou o seu bebê. Apesar disso, é fato que mulheres grávidas podem sentir mais desconforto em viagens longas de avião, já que têm mais tendência a ficarem nauseadas, com as pernas inchadas e com o nariz e ouvidos tampados. Como durante a gravidez há mais risco de se desenvolver trombose venosa, causada por coágulos que podem alcançar os pulmões, dependendo do estágio da gravidez e da condição de saúde da mulher, o obstetra pode recomendar o uso de meias de compressão ou mesmo contraindicar voos muito longos. No período final de gestação, o parto pode ocorrer a qualquer momento. Como ninguém sonha parir dentro de uma aeronave, é mais prudente evitar viagens de avião depois das 37 semanas de gestação.