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Grávidas devem fazer testes do Zika mais de uma vez durante a gestação


Nova pesquisa indicou que o resultado negativo obtido em um único exame pode não ser suficiente

Atualmente, a detecção do vírus Zika é realizada atráves de testes moleculares, que permitem identificar o material genético do patógeno em fluidos como sangue, urina, sêmen e saliva durante a fase aguda da infecção. Para gestantes que apresentam os sintomas da doença, o exame é essencial para que o diagnóstico seja feito precocemente.

No entanto, pesquisadores da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (Famerp), em São Paulo, alertaram sobre a importância de se fazer mais de uma vez o teste do vírus da Zika em grávidas durante a gestação.

De acordo com um recente estudo feito pela Famerp, em apoio com a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), o resultado negativo obtido em um único exame pode não ser o suficiente. O trabalho será publicado em novembro na revista Emerging Infectious Diseases.

"Acompanhamos um grupo de gestantes com diagnóstico confirmado de Zika e testamos sua urina ao longo de vários meses - com intervalos de aproximadamente uma semana. Em algumas dessas mulheres, a carga viral na urina sumia e depois voltava a aparecer", comentou Maurício Lacerda Nogueira, professor da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (Famerp) e coordenador da pesquisa apoiada pela FAPESP.

A pesquisa começou a ser realizada no ano passado, quando surgiram os primeiros casos de vírus da zika em Rio Preto. Para análise os pesquisadores examinaram 13 mulheres em diferentes estágios da gestação (de 4 a 38 semanas), atendidas no Hospital da Criança e Maternidade de Rio Preto.

Segundo Maurício Nogueira, em cinco gestantes o resultado voltou a dar positivo para a presença do vírus mesmo após a carga ter sido zerada em exames anteriores. Contudo, em uma das voluntárias foi possível detectar o vírus na urina por até sete meses. Nos outros casos, o causador da doença desapareceu do organismo logo após o parto.

"Esses dados sugerem que, durante a gravidez, o vírus continua se replicando na criança ou na placenta - que servem de reservatório para o patógeno. Porém, a carga viral nos fluidos maternos é intermitente e muito baixa, quase no limiar da detecção", afirmou.

Além disso, o pesquisador indica que o ideal seria repetir o exame pelo menos mais duas vezes nas gestantes, mesmo nos casos em que o resultado do teste molecular dá negativo. "Costumamos fazer esse tipo de exame com amostras de urina por ser mais fácil de obter e também porque no sangue a carga viral é ainda mais baixa e desaparece mais rapidamente", revelou Maurício.

Entre as mulheres acompanhadas no estudo, três delas tiveram bebês com complicações provavelmente causadas pelo zika, sendo que dois apresentaram alterações nos testes de audição e um nasceu com um cisto no cérebro. Nenhuma das crianças apresentaram a microcefalia.

Contudo, não foi possível estabelecer uma correlação entre o número de vezes que o vírus foi detectado na mãe e a ocorrência de desfechos adversos. "Para isso serão necessários novos estudos com um número maior de participantes", finalizou.

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